terça-feira, maio 20, 2014

Como um castelo...

Sinto-me como um castelo medieval. Um castelo erguido no topo de uma pequena colina verdejante e rodeado por um vasto arvoredo. Dentro das muralhas de pedra dura e fria, existe um corropio de gente, uma verdadeira feira, cheia de animação e alguns desacatos, risos sinceros e algumas lágrimas contidas, abraços fortes e picardias feias. Dentro do castelo cabem todos e há sempre espaço para mais um. Mesmo no seu meio, existe uma grande lareira, que nunca se apaga e está pronta a confortar quem dela precisa. Nunca faltará abrigo nem pão a quem dele precise, e, todos os dias são bons para uma festa.

Todos gabam este castelo pela sua resistência, animação, força... resiliência. Todos estão lá prontos para a festa.

Mas em caso de ataque, o castelo apressa-se a levantar-se o passadiço, soltam-se os crocodilos no fosso e aguarda-se pelo ataque eminente. Chovem setas, balas em chamas, e o castelo aguenta-se ali, firme e hirto, no mais profundo silêncio. Resiste tanto quanto consegue a todas as investidas. Vê sair quem só estava para a festa e para o calor. Vê ficar quem importa, não deixa entrar mais ninguém, nem mesmo quem vem por bem. E aguenta... Caem umas quantas ameias, perdem-se até algumas vidas, mas aguenta, esperando que quem insista perceba o quão sem sentido é cada ataque. O quão desnecessário. Que desista, que procure a paz. Aguenta.

Até um dia, em que os que importam dizem ao castelo que não pode aguentar mais. Que tem de fazer algo por se manter assim, forte e em pé, inteiro. E o castelo ouve, percebe. E vêem-se assomar seteiros e lanceiros pelas frestas do castelo. Catapultas são colocadas em posição. Tudo a postos... mas em vez de atacar, aguarda. E aguarda.

Porque sabe que quando retribuir cada ataque com outro ataque, vai sobrar pouco... tanto de um lado como do outro. E que as ameias caídas podem ser refeitas, mas as pedras serão novas, sem história. E o que se perder na batalha nunca mais voltará a ser como era...

Por isso o castelo resiste. Tanto quanto pode. E aguarda.

2 comentários:

Célia disse...

Uma alegoria perfeita a uma situação desnecessária... força!

disse...
Este comentário foi removido pelo autor.