Ser mãe...

Ser mãe é amar sem duvidar. É sofrer constantemente pelo que nunca aconteceu. Odiar cada separação. É ansiar por cada reencontro. Ser mãe é dar tudo o que tem. Inventar para dar mais. É ficar rica com um sorriso. Esquecer tudo com uma carícia. Ser mãe é querer o melhor. É tentar planear tudo com anos de antecedência. É tentar iluminar todos os passos. Antecipar todas as quedas. É tentar enxergar todas as sombras. Ser mãe é esquecer-se que existe. Entregar-se a eles totalmente. É esquecer os próprios medos. Ser forte e corajosa por eles... para eles. Ser mãe é um sem-fim de sentimentos em turbilhão. É algo que se alimenta todos os dias. Que nos constrói ou destrói. Que fica para sempre. Gravado a ferros na nossa alma... e na deles. É viver para eles. E às vezes querer viver por eles. É querer viver sempre com eles. É saber quando deixá-los ir. E desejar que eles nunca fossem. Ser mãe é mágico. Ser mãe é pleno. Ser mãe é bom. Ser mãe é indescritível. Só se sente. Ser mãe é isto. Mas muito mais. [Gosto de ser mãe mas gostava de poder ter dito à minha que finalmente a compreendo. Que finalmente percebo as suas reacções. Que sinto a sua falta. Que ela é o meu modelo adaptado. Que a vejo agora como uma super-mulher e não como a chata da minha mãe. Porque me guiava com uma mão invisível, apoiando-me nos meus tropeções e aplaudindo as minhas conquistas. Ela sabia que eu iria perceber isto um dia. Assim como eu sei que a minha filha me irá compreender quando for a vez dela. Mas queria poder dizê-lo. Porque nunca tive jeito com as palavras. Porque dizer "gosto de ti" parecia-me uma pirosice pegada. Porque a adolescência é uma treta duma idade que nos faz falar mais do que devíamos. Nos tolda a percepção. Porque não havia nada em que ela não tivesse uma voz activa e muita sabedoria. Porque ela conseguia desdobrar-se em mil para nos ver felizes. Porque éramos muito parecidas e chocávamos demais. Porque era a minha mãe. E a nossa mãe é sempre a melhor mãe do mundo. Eu pelo menos não tenho dúvidas. Para ti mãe.]