quarta-feira, janeiro 11, 2006

Eu sou...

optimista por natureza. Prefiro ver o lado bom das coisas por defeito. Não penso, normalmento, em tudo o que de mau pode acontecer num futuro próximo, e prefiro nem pensar num futuro longínquo. Gosto de ser prevenida, naquilo que posso. Procuro na alegria, a cura de todos os meus males. Expludo com pouco mas depressa me passa, embora nem sempre me consiga esquecer do que se passou. Há quase seis anos que esta minha faceta me é muito útil, e que me ajuda a manter os pés no chão. A partir daí, desenvolvi uma certa dose de resistência às más notícias, especialmente às de terceiros. Foi um mecanismo de defesa que desenvolvi, sem me aperceber. Antigamente chorava com uma facilidade maluca. Agora é muito difícil arrancarem-me uma lágrima. A dor dos outros aflige-me cada vez mais, mas faltam-me as palavras de apoio. Só consigo dizer alguma coisa, a quem me é mais próximo, porque tudo aquilo que digo é para tentar mostrar o bom que ainda está para vir. E sermos positivos numa altura de dor, nem sempre é bem recebido. É por causa destas e de outras que me custa cada vez mais deixar palavras de consolo a quem não conheço. Falo nisto agora porque já é a segunda vez que sou confrontada com esta situação aqui na blogosfera. a primeira já foi há alguns meses, e nessa nem fui capaz de deixar uma palavra. Porque a situação me era demasiado familiar. Porque os sentimentos que ali estavam descritos me eram demasiado conhecidos. Fiquei a seguir o blog assim de longe a longe, e continuo sem conseguir deixar uma palavra. A outra tem sido amplamente assinalada nos últimos dias na blogosfera (especialmente entre os babyblogs). Esta dor, felizmente não conheço, embora tenha alguém próximo que passou pelo mesmo. Acho injusto, não percebo o porquê destas coisas acontecerem, é-me difícil aceitar. E no meu estado actual, seria de esperar que me afectasse ainda mais. Mas não. Não abalou a minha tranquilidade nem um milímetro. Não estou mais ansiosa por causa disso. Não ponho a hipótese disso me acontecer mais do que sempre pus. E dou por mim a pensar, será que isso me faz mais insensível? Menos preocupada com os outros? Mais indiferente? A verdade é que eu acho que não. Cada um escolhe a melhor maneira de lidar com os seus medos. A minha foi esta. Se não perceberam nada, passem à frente... era apenas algo que precisava de pôr por palavras. Um desabafo. PS: Desculpem lá, mas nos comentários gerou-se entretanto a dúvida sobre se é correcto ou não linkar estes assuntos... Não é nada disso que está em causa neste post. A decisão de não linkar neste post foi minha e deve-se ao facto do mesmo ser um desabafo sobre a minha maneira de lidar com estes assuntos. Este post não é sobre o que ali se passou, mas sobre mim. É uma análise que me fiz a mim própria, e a mais ninguém. Por isso, peço que se quiserem comentar, não comentem mais nada a não ser o que é dito no post.

34 comentários:

Flores disse...

Não és nada insensível. É essa a tua forma de lidar com a dor.

Tinha mais p/ dizer, mas ñ posso. Poderia ferir susceptibilidades.

scaf disse...

eu percebi este post, tenho quase a certeza....há notícias que nos deixam assim :(

carla disse...

Olha um beijo...o resto digo em privado!!!

Beijocas

Raquel disse...

Também não fui capaz de deixar palavra nenhuma de consolo. E não acho que isso faça de mim uma pessoa mais insensível.
Acho que faltam as palavras sábias em situações como esta.
E depois (e com isto não pretendo ofender ninguém, porque todos agem em consciência e tenhoa certeza de que com boa intenção)acho que não é coisa que se linke.
É tão profundo e privado que será uma dor pessoal muito íntima.
Olha é complicado gerir as emoções em situações destas.
Desculpem as minhas palavras...espero que não levem a mal.
Beijos

Jolie disse...

raquel: eu acho que não há palavras sábias nestas situações... pelo menos não houveram nenhumas que tenha ouvido, quando foi a minha vez de as ouvir, que tenha sentido como tal.

Miragem disse...

Entendo-te tão bem... Há quem me chame fria, porque não derramo uma lágrima.

XanaA. disse...

Percebo-te. Temos algumas semelhanças.

Também me faltam as palavras nessas situações. Acabei por pôr um pequeno post no meu blog, "linkando" à situação (dramática) que aconteceu. Só o fiz porque mexe comigo, no sentido em que essa situação está associada a algo que me toca profundamente.

Um dia explico melhor, está relacionado com o parto da M. e até hoje não tive a calma e a concentração suficientes para escrever sobre isso. Sinto que está quase; talvez aos dois anos e meio depois do parto me sente e escreva algo (que prevejo muito looongo).

Bjs

miminhos
de pano

flor de leite

Anónimo disse...

Entendo o desabafo e é como dizes cada um vive as emoções de forma diferente... E não é por não vertermos uma lágrima nos momentos mais tristes que faz da nossa dor, uma dor menor que a das outras pessoas... entendo-te perfeitamente. Não há mesmo palavras, acções ou o quer que seja que ajude quem vive tal pesadelo. No entanto, achei importante estar lá... sem palavras mágicas, sem... simplesmente estar...

É tão triste que o momento mais lindo que uma pessoa pode viver, sem sabermos como transforma-se no maior pesadelo... e pior que isso, transforma-se num número...789...numa placa.. isto que estou a dizer tb não deve fazer mt sentido para ti mas é real...

Acho que ser optimista hoje em dia é acima de tudo uma GRANDE virtude... a força para dar a volta às questões, é sem dúvida necessário para ultrapassar as "chapadas" que a vida nos dá...

Desculpa o testamento mas acho que tu entendes bem as minhas palavras.

beijinhos

Jolie disse...

Ana: Entendo sim, e para mim é essa presença o mais importante de tudo. Pelo menos, foi aquilo que mais me tocou quando eu precisei.

E é por isso, por não poder estar presente a quem não conheço, que me não consigo encontrar o que dizer.

Não digo que não vale a pena não comentar, nem que está errado, não, acho que devemos deixar uma palavra de apoio, sim. Eu própria deixei. Mas o que eu quis dizer, é que se torna cada vez mais difícil para mim encontrar essa meia dúzia de palavras...

Anna^ disse...

Compreendo-te tão bem.
Eu fico sempre sem saber o q dizer e há palavras q eu pura e simplesmente me recuso a dizer pq não consigo..não saem!
Já passei por situações idênticas às tuas e reafirmo q a presença é de facto importante...mais do que as palavras...até o toque de uma mão...uma festa ou um olhar nos enchem a alma nessas alturas em que tudo parece tão negro!

bjokas ":o)

Licas disse...

É apenas uma defesa...
1 bjx, licas

Anónimo disse...

é, como tu dizes, a tua forma de lidar com este tipo de situações. não é melhor nem pior, é a tua. quando muito, é boa se te conforta e te faz viver a vida de uma forma mais harmoniosa ou má para ti própria, se te causa algum tipo de sofrimento. e não quero que confudas o sofrimento que uso aqui com a impotência que se sente por não sermos capazes de retirar das pessoas de quem gostamos ou por quem nos importamos a dor por que elas passam.

no meu caso, é esse sentimento de impotência que me transstorna, porque me sinto como se estivesse a ver a situação àminha frente, com um vdro intransponível pelo meio. as palavras, essas, são mais um caminhoara quem preferir. eu também prefiro os gestos e a presença.

é o tipo de situação em que não há uma resposta certa, é tipo de situação em que a individualidade de cada um se torna ainda mais especial e única e deve ser sempre respeitada por isso.

e haveria tanto mais a dizer... mas não me vou prolongar. :)

um beijinho

Anónimo disse...

a única coisa que eu acho é que nos devemos respeitar uns aos outros independentemente da maneira de cada um sentir as coisas.

guga2004 disse...

Temos mesmo de ser assim porque senão nem conseguíamos sair da cama de manhã.

bjs Sandra

a mãe dos miúdos disse...

também presenciei dois casos assim, o 1º, porque o seguia, comentei sem saber o que dizer neste último, aquele a que te referes, não fui capaz. a minha tranquilidade foi abalada. A de mãe e não a de grávida.

não sou capaz de comentar, não sigo o blog, a mim parecer-me-ia demasiado forçado.

beijo grande minha querida, continua assim

kikas disse...

Bom o assunto dá mesmo para um rol de comentários mas não me quero alongar muito :-)
O sofrimento das pessoas não se mede pelo que se chora, eu até sou defensora de que quem chora com facilidade limpa a alma e desabafa o que faz muito bem...mede-se mesmo por aquilo que sentimos, pela dor que nos consome...em relação ao que se diz nestes momentos passa completamente ao lado e nada faz sentido, só muito mais tarde refletimos naquilo que nos disseram e até aceitamos ou renegamos consoante os casos!
Quanto a linkar ou não estes assuntos acho bem que se linke e não vejo qualquer razão para não o fazer, não acho que seja um assunto que não possa ser lido e "espalhado" pelo mundo da blogosfera...há assuntos que têm que ser divulgados e as pessoas têm que perceber que não devemos dar apenas importância e divulgação às fases melhores da vida (na minha opinião é tão intimo como outro assunto qualquer do foro psicológico)...os pesadelos por que passamos também devem se divulgados...
Este assunto deixa-me um certo à vontade para opinar pois infelizmente já passei pelo mesmo (apenas um pouco mais cedo 25/26 semana) e sei do que estou a falar

kikas disse...

(continuação)
as acções são muito mais importantes que as palavras e esta Costinhas para que conste foi vêr-me a casa logo que vi da maternidade e passou uma tarde comigo onde se falou de tudo inclusivé do assunto porque eu puxei o assunto...ela ouviu e só falou quando eu lhe pedia para falar...estes momentos foram muito importantes...a Sandra (costinhas) antes de sair da minha casa ainda me foi comprar um maço de tabaco e disse-me:
Vou lá devido à situaçao pois não faço isto por ninguém!!!(esta mulher é mesmo um espanto!!!)
E pronto já escrevi imenso mas hoje deu-me para isso :-)
Beijocas Grandes
Sandra Bernardes

Anabela disse...

Não percebi quase nada deste post... Mas sei que insensível é que não és.
Adoro a tua forma optimista de encarar as coisas. Gostava de ser como tu.
Beijos

Charilas disse...

Compreendo, sim.

Também não consigo deixar nem uma palavra...

Beijinhos,

Sandra

Paula disse...

Eu sou uma chorona, depois de ler a notícia através de outro blog chorei imenso, mas penso que o facto de não chorares não faz de ti uma pessoa insensível pelo contrário, cada pessoa tem a sua meneira de enfrentar a dor e a perda.

Beijinhos.

Francisca disse...

Eu também não conhecia e como tal não comentei. Mas nestes casos não é só a ti que te faltam as palavras. Acho que faltam a toda a gente! Não há muito que se possa dizer e no entanto queríamos dizer tanta coisa, não é?

Com isto tudo ainda me deliciei a ler o comentário e os elogios da Kikas.

Margarida Atheling disse...

Sei do que estás a falar!

Mas tens razão. Cada um de nós aprende a defender-se da maneira que pode. E não é por não falarmos que não sentimos.

Mas tens também muuuuita razão em não te angustiares. Não tens motivos para isso.

Beijinhos!

Jolie disse...

kikas, eu bem sei que se há alguém que conhece isto (o segundo caso) és tu... e comprar-te o maço de cigarros era algo que estava à minha mão... aliviar a dor que te sentia e que não queria que sentisses é que infelizmente não está à mão de ninguém...

Um beijo para ti em especial.

Célia disse...

Um beijinho...

sm disse...

Como pediste e para evitar comentar seja o que for que se passou e como nunca estou por dentro dos acontecimentos dos "babyblogs" não li os comentários anteriores...

Gostava de ter essa tua capacidade que acho fantástica, tb. muitas vezes leio coisas que me deixam triste e não comento, uma vez escrevi aqui (talvez a 1ª vez) que me sentia a invadir um espaço que não era meu, agora sei que todas as palavras de conforto nos ajudam, mesmo de quem não conhecemos, mas há momentos que tenham paciência, nada do que se possa dizer vai fazer melhorar uma situação...

Desculpa, mas acho que não estou a ter lógica nenhuma, :SS, o que queria dizer era:

Parabéns para essa tua capacidade de te preservares, não a percas!!!!

:)
Sandra

Anónimo disse...

E uma das muitas formas de lidar com a dor... E podiamos ser todos assim.
Beijocas
Yasmin

Jolie disse...

sm, podes ler os comentários todos!

sonia disse...

São formas de lidar com as situações, eu entendo-te e acho que todos sentem o mesmo depois de lerem o que escreveste.

beijinho grande.

Carla O. disse...

Efectivamente à medida que a vida passa vamos encontrando mecanismos de defesa (e não só) para lidarmos com determinadas situações.
Esta é a tua maneira - uma maneira que considero saudável e com a qual, até certo ponto, me identifico.
Um grande beijinho,
Carla e piscos

Clara disse...

Apenas criaste 1 resistência contra certos factos, mas continuas 1 doce.

Bjos

Fitinha Azul disse...

Essa é a tua defesa, cada pessoa defende-se da sua maneira, tu tens a tua maneira e eu tenho a minha, mas não acho que sejas insensível coisa nenhuma!
Beijocas

sm disse...

Costinhas,

Li depois de comentar e acabei por perceber o que se passava, ou melhor perceber o inexplicável!!

Volto a "dizer": Não percas essa capacidade!! Quando contei ao meu marido, não me consegui conter...

:S
Sandra

Mocas disse...

Pois minha querida,

Já não sei se este comentário vem a tempo, mas aqui vai: Para além das palavras de consolo que deixaste no meu blog quando tive a ectópica...não vou esquecer-me da atitude que tiveste para comigo nessa altura. Não me conhecias senão do blog...mas a tua disponibilidade para comigo não partiu com certeza de uma pessoa insensível, despreocupada e indiferente para com os outros!

Quanto à forma de lidar com os teus medos...fica sabendo que muitas vezes a uso como exemplo, como catalizador do realismo pessimista que insiste em não me largar. Ser optimista e não pensar em possíveis hecatombes no futuro...às vezes estou à beira do xilique e penso em ti durante o dia...enfim, isto já vai longo...sorry :)

E olha, nunca vou esquecer aquele passo que tu deste...porque tu dás-te!!

Beijinho muito, muito, Grande!

Jolie disse...

Mocas, qualquer comentário vem sempre a tempo de ser lido.

Quanto ao resto, toma lá uma beijoca!