quarta-feira, abril 12, 2006

Hoje...

estou muito "sem". Sem vontade, sem concentração, sem energia, sem muita coisa... No trabalho ainda tenho três coisas que tenho mesmo de acabar e simplesmente não consigo pegar nelas. Tenho as janelas dos programas abertos por detrás desta e estão lá muito bem. Decidi, desanuviar um pouco e percorrer a lista infindável de links que tenho neste cantinho. Comecei pela primeira secção, a das meninas que andam a treinar em busca do sonho que eu própria já conquistei por duas vezes. Às vezes é-me muito difícil de comentar. Como consolar as lágrimas de alguém que viu mais uma vez esse sonho adiado, ao mesmo que se sente um bebé a mexer dentro de nós? Às vezes dou por mim depois de escrever certos textos aqui, a pensar qual o impacto dessas palavras em quem há tanto tempo espera pela oportunidade de sentir isso mesmo. Penso também no tempo em que eu esperei por atingir o meu primeiro sonho. Penso também na minha reacção quando soube que teria de me sujeitar a vários tratamentos para resolver uma endometriose, e que para engravidar teria de me sujeitar a outros tantos. Lembro-me que chorei apenas uns minutos aqui na casa-de-banho do trabalho logo depois de ter sabido a notícia e de ter falado com o António. Lembro-me de não ter voltado a chorar. Lembro-me que ambos aceitámos o que nos esperava sem decepções. Lembro-me de não querer acreditar que tinha engravidado. Lembro-me da cara e da excitação do médico quando lhe contei o sucedido. O final da minha história foi feliz. O tempo que efectivamente gastei a tentar engravidar não foi muito. Mas lembro-me bem da decepção em cada teste de gravidez feito sem obter a notícia que tanto queria, até saber do meu real estado. Lembro-me do impacto que cada negativo tinha em mim. Lembro-me desse desalento que sentia. E de uma certa forma, o saber que afinal eu tinha um problema, e que era essa a causa de não atingir as famosas duas risquinhas cor-de-rosa, foi libertador. Tirou-me um peso de cima. Nunca mais pensei em testes, e dei tempo ao tempo. Desta segunda vez nem tempo para pensar tive! Depois de apenas um ciclo estava grávida. Acho que a dificuldade em engravidar da primeira vez, deu-me um certo conhecimento de causa em relação às angústias sentidas por estas meninas. Mas sinceramente, às vezes não consigo dizer muito mais que uma ou duas palavras de alento. Enfim, a única coisa que desejo a cada uma delas, às que acompanho mais ou menos assiduamente, às que me acompanham a mim e a todas as outras que nem conheço ou que não me conhecem, é que não desistam da vossa luta. Que consigam atingir o vosso sonho seja lá de que forma for. Mas que ao mesmo tempo, enquanto esperam por essa estrelinha que não chega, que não deixem de viver! De ser felizes, de se mimarem, de namorarem. Não suspendam a vida em função da vossa espera. Às vezes o destino prega-nos grandes partidas.

24 comentários:

Sefas disse...

Hum, hum. Essa preguiça é bem legítima, eh eh! Estás como eu! Pelo menos hoje.
Beijos

Ana disse...

tenho várias amigas que tiveram dificuldades em engravidar. Mas todas elas tiveram um final feliz. Uma delas está com 8 meses e tal de gravidez e com uma barriga LINDA!!! Ela fez tudo, desde Fertilizações a inseminações a IN VITRO, (desculpem se os termos não estão correctos).Fez tudo, tudo e nada. Lembro-me do seu desalento a contar-me que tinha desistido, ao fim de 4 anos tinha desistido mesmo.
(no mês seguinte engravidou!!!!!!)
FOI MESMO ASSIM!

dia-a-dia disse...

A resposta segue dentro de instantes por email...

;)

Patríciangélico disse...

Nem consigo imaginar o desgaste que se sofre numa situação dessas. É preciso ser mesmo muito forte para ir em frente. Não sei se teria a coragem dessas futuras mães e penso muita vez nelas. Acho que não lhes é dado nem o valor, nem o apoio que necessitam. Há sempre uma ou duas historias "perto" de nós, que felizmente (no meu caso) se tem resolvido pelo melhor. Gostava de poder ajudar mais mas confesso que muitas vezes não sei como. Pelo menos a nível de hospital, deviam ser casos prioritários, mas a realidade é que são esquecidos e deixa-me realmente revoltada. Beijinhos.
Patrícia e Mariana

a mãe dos miúdos disse...

um beijo

1gota disse...

:) obrigada.
E as tuas palavras de alegria acerca da tua menina e da tua gravidez, a mim só me fazem bem! Fazem-me pensar num futuro feliz! :) Tenho aprendido muito por aqui....

guga2004 disse...

nem sempre temos palavras para as coisas mais difíceis.

bjs Sandra

Miragem disse...

Que todas as histórias tenham um ponto tão feliz como o teu!!

Luna disse...

Oi sandra!
Até estou arepiada pelas tuas palavras, dizes-te tudo...
Eu tb sinto como tu, apesar ter Migas dentro de mim uma parte de mim ficou na infertilidade.
Beijocas
Luna

Ana Cláudia disse...

Que bonitas palavras Sandra! Até me emocionei, porque me senti exactamente como tu. Também eu tive uns largos meses à espera de engravidar. Foi muito complicado, pensava que tinha algum problema e que tinha que me submeter a tratamentos de infertilidade. Também penso muito nas pessoas que tentam engravidar sem sucesso. Eu própria já estava desesperada. Também não queria acreditar quando, finalmente, vi as duas riscas côr-de-rosa.
Subscrevo inteiramente as palavras que dedicas a essas meninas.
Hoje sinto-me abençoada e agradeço a Deus todos os dias por me ter concedido este desejo.
Beijocas.

Smas disse...

Também eu acho que compreendo só um pouco o desalento das meninas lutadoras pois demorei mais de um ano a engravidar e já andava a ficar triste e a pensar que tinha algum problema. No fim engravidi quando não devia ter engravidado por uma série de razões e tive de esperar até às 20 semanas para ver se podia manter o bebé. Foi um sufoco, aliás já contei a história no outro blog. Felizmente aqui tenho o meu filho (e também a filha que foi à primeira).
Também eu não sei o que dizer muitas vezes mas espero que não desistam.
Bjs grandes

Licas disse...

1 bjx grande

Fitinha Azul disse...

beijocas linda!

Anabela disse...

Compreendo muito bem o que dizes. Também sofri bastante para ter a Dani... muitos meses de espera, duas gravidezes que acabaram a meio, ou nem sequer começaram, segundo o médico.
Agora tudo parece muito distante, mas mesmo assim compreedno bem o que dizes. Acho que só consigo compreender um pouco o que tantas meninas sofrem pela luta de um filho.
Um grande beijo para ti e para todas elas.

Adriana disse...

Subscrevo completamente ;)
Beijocas

Clarinha disse...

Por acaso posso dizer que fui uma preveligiada, não passei por essa angústia, mas consigo imaginar o quanto difícil deve ser!
Beijinhos

SNA disse...

Felizmente eu não tive dificuldade em engravidar, antes pelo contrário pensámos e engravidámos logo.
Faz hoje um ano que o meu pedacinho nasceu e ando a seguir o teu blog na esperança que o Miguel nascesse hoje mas....

Felicidades
Sónia

Sandra B. N. disse...

pelo chat q tivemos no meu cantinho, imaginas a vontade que eu tb não tenho de trabalhar hoje... :-)))

eu felizmente não tive qualquer problema para engravidar (bem pelo contrário), por isso também não sei bem se conseguiria ser um bom apoio para alguém nessa situação... imagino a angústia que não será...

Gina A. disse...

Por vezes, também tenho uma certa dificuldade em saber o que dizer em determinadas situações... por isso, tento sempre demonstrar à pessoa por atitudes aquilo que não consigo dizer por palavras!
Eu também desejo muito que todas estas mulheres consigam realizar o seu sonho como nós estamos a realizar os nossos!
Beijos

alma disse...

Arrepiei...
Obrigada por palavras tão bonitas!
porque sofri e ainda sofro de infertilidade, porque apesar de ter a minha estrelinha comigo hoje no meu ventre a luta, a angustia foi devastadora! Mas nunca, nunca pensei em desistir!
E como eu, muitas meninas lindas vão ter a sua estrelinha nos braços...
E agora... as lágrimas caiem...
cate e ALICE

Repolha disse...

Sabes que passei 13 anos a achar que nunca seria mãe (por disfunções hormonais, ovários poliquisticos e outros "pormenores"). Tive 13 anos para me habituar à ideia (se isso for possível) e chorei, muito, mas anos antes de essa hipótese se colocar... (lembro-me de ter ido parar a umas urgências pq um dos quistos "rebentou" uma vez e ter saído de lá lavada em lágrimas... teria 18? 19 anos talvez). Também sabes que engravidei à primeira qd achava que isso nunca me aconteceria. Por tudo isto não consigo mesmo compreender o problema da infertilidade. Porque tive a sorte de acertar numa ovulação (se calhar a única daquele ano) e talvez porque acredite tanto no destino... Tb me acontece muitas vezes, em muitos blogs, não ter nada de jeito para dizer... :( Dizer que percebo? É impossível, não é?
Beijinho

amiguita disse...

O que te posso dizer é que chorei, claro que chorei. Mas não deixei de viver, não fiquei de pijama em casa, inerte, a pensar sobre o assunto, e abracei-me ao meu marido,às minhas amigas, que mostraram bem de perto que sempre lá estiveram.

O que se pode dizer?
Pouco. Chega um beijinho, um apertinho.
O que se pode fazer?
Tanta coisa, mas no fundo resume-se a tratarem bem os vossos filhos, para que na cabeça (e no coração) de quem não pode ter filhos, não fique qualquer dúvida que as (já) mães, merecem tanto ser mães como nós (as que ainda não somos).

Beijinhos

a mamã Paula disse...

Preguiça? Aposto que são as malandras das hormonas....estás desculpada :0)

Aqui fica um beijinho para ti, e um miminho para todas as meninas que desejam ser mamãs.

Boa Páscoa

39 disse...

Só posso falar por mim: Nunca me fizeram confusão os vossos relatos acerca das vossas gravidezes e das vossas experiências como mães e jamais me senti triste por ler nas outras meninas aquilo que anseio para mim. Sempre me orgulhei de separar bem as águas ao ponto de me interrogar, várias vezes, se o facto desses relatos não me causarem qualquer sentimento menos positivo se seria por eu, no fundo, não desejar assim tanto a maternidade. Penso que não tem nada a ver com o querer muito ou querer pouco. Penso que tem mais a ver com a maneira como enfretamos os nossos problemas e o meu e o do Renan foi por nós assumido desde o 1º segundo. Acho que essa situação foi bem assimilada por ambos. É por isso que apesar de, volta e meia, sentirmos um vazio grande na nossa casa, nunca deixamos de nos considerar abençoados e felizes.
Por ultimo resta-me dizer que infelizmente sinto-me melhor nos blogs das mamãs do que na maioria dos blogs das meninas que andam em busca do seu sonho, porque na maior parte das vezes não me identifico com o que por elas é dito. O sonho é o mesmo, mas a forma de encarar a vida é diferente. Eu seria incapaz de transformar a minha vida numa busca exclusiva de um filho. Antes desse filho existir, eu escolhi repartir a minha vida com o Renan e ele está acima de tudo. Antes nunca realizar esse sonho de ser mãe e permanecer ao lado do Renan para a vida eterna. Enfim, espero não parecer-me contraditória...
Um abeijoca grande!!!