Têm-me perguntado a opinião sobre este assunto, por isso achei melhor dedicar-lhe umas linhas. A questão levantou-se quando estava grávida da Joana.
Criopreservação de células estaminais, sim ou não?
Na altura havia apenas uma empresa que o fazia, e não conhecia ninguém que o tivesse feito para perguntar como tinha corrido. Assim, começámos a recolher informação de todos os lados que conseguíamos. Às tantas estávamos ainda mais baralhados do que no início - o excesso de informação às vezes só complica!
Falei com o meu obstetra sobre o assunto e a opinião dele foi tão clara que nos ajudou a por os pontos nos is. Fizemos então uma lista com questões a ter em conta:
- as células criopreservadas servem mesmo para alguma coisa?
Há tantos estudos a mostrar que estas células não servem para nada, ou que têm uma taxa de aplicação muito reduzida há outros tantos que provam existir casos em que o uso das mesmas tem resultados positivos e existem ainda casos concretos que o corroboram.
Além disso, o que há de bom na ciência é que não pára de evoluir. O que hoje é impossível amanhã é uma realidade. Basta pensar nos transplantes de órgãos, e mais recentemente na criação de novos órgãos a partir de células específicas do próprio doente. As técnicas vão evoluindo e não se sabe qual é o limite.
- será que as células podem ser criopreservadas durante vinte anos e no final desse tempo ainda estarem utilizáveis?
Este é o período aspectável de vida das células criopreservadas. No entanto, podem durar menos ou mais. Mas à partida os vinte anos estão garantidos.
- se calhar vamos gastar o dinheiro e nunca vamos precisar daquilo...
É mesmo isso que se quer acho eu! Quem é que quer ver surgir no seu bébé ou num dos membros da família directa uma doença incurável ou quase?! É uma questão de jogar pelo seguro, se acontecer alguma coisa, temos mais esta hipótese, mas o ideal é que não aconteça mesmo. O investimento inicial é alto, mas se dividirmos o valor por 240 meses (20 anos) o valor é irrisório.
Finalmente, a última questão que nos fez decidir (tendo em conta as anteriores) se o faríamos ou não:
- podemos dispender dessa quantia, sem que nos faça falta?
O dinheiro faz falta a toda a gente, e quando se está prestes a receber um bébé ainda faz mais falta. Especialmente se for o primeiro que temos tudo para comprar. Nessa altura o que dá menos jeito é mais uma despesa. No entanto no nosso caso, fizemos as nossas continhas, e chegámos à conclusão que podíamos dispender dessa quantia sem que nos fizesse grande mossa.
Assim sendo, não havia mais nada a decidir. Optámos por fazer este "seguro" e repetimos agora com o Miguel.
Acho que o ideal seria mesmo haver um Banco de Células Estaminais, como existe um Banco de Sangue, e eu acredito que elas vão desempenhar um papel relevante na medicina mais tarde ou mais cedo. Se houvesse um Banco desses, não teria recorrido a este serviço, mas não havendo e podendo dispender do dinheiro, não vejo porque não o fazer.
Em jeito de conclusão, a minha opinião é a seguinte: Não vale a pena, arranjarmos cabelos brancos com a questão. Simplificar torna-se a palavra chave:
- ou podemos/queremos fazer e faz-se (e o único desejo é que nunca se venha a precisar do serviço)
- ou não podemos/queremos fazer e não se faz (e não se pensa mais no assunto)
Espero que tenha elucidade quem me questionou sobre o assunto.
Podem usar a caixa de comentários para deixar a vossa opinião, pode ser que vários pontos de vista ajudem quem anda a pensar no assunto a chegar a alguma conclusão... ou não! :p
(este texto vai ser adicionado à barra lateral)
27 comentários:
Tens razão quando dizes que o excesso de informação às vezes só baralha. É verdade neste e noutros casos.
Não faço ideia de quando custa fazer a criopreservaçao das células estaminais.
Quando nasceu a M já se falava, muito timidamente, nisso. Não fizémos, nem nenhuma das duas obstetras que me acompanhou falou no assunto. (Também não sei se teria dinheiro para o fazer.)
Não penso nisso. Mas acho bem que o tenhas feito. É de facto um "seguro".
Nós fizemos para o P. e o raciocínio foi exactamente igual ao vosso. Se tivermos mais filhos e entretanto abrir o banco público (em que as células serão usadas por quem delas precisar), usaremos esse e não o privado. Bjos! :)
Pelo que já li (e foi muito), o único problema das empresas privadas, para além do dinheiro, é que, ao contrário de um Banco como o de sangue, as células não podem ser usadas por quem delas precise, mas apenas pelos seus proprietários. Vem isto no seguimento de haver apenas uma ínfima possibilidade de, a ser preciso, as células embrionárias do cordão servirem para a pessoa de quem foram retiradas. Ou seja, é como a medula óssea, muitas vezes os irmãos ou outros dadores é que são compatíveis e funcionais, a nossa própria medula, a estar doente, não resolve o assunto. Há ainda muito por estudar e trabalhar nesta área, mas a maioria dos especialistas pensa assim. Não quer dizer que nunca venha a ser útil para a própria pessoa, claro, apenas é uma hipótese mais remota nos casos de doenças mais comuns (leucemia, etc.) Eu explicava porquê, mas isto já vai longo (desculpem lá).
Acho que fizeste bem, de qualquer maneira. É daquelas coisas que feitas na altura podem vir a ser usadas, mas se não forem feitas, de certeza nunca serão usadas.
Beijinhos!
É um tema complicado...
Até agora não tenho uma opinião formada, sinto-me dividida entre o valor da vida e o valor do dinheiro.
De qualquer forma, este teu texto ajuda a esclarecer muito pontos.
Eu tendo dinheiro "de sobra" não pensaria duas vezes e fá-lo-ia. Não tendo, não fiz, e volto a não fazer desta vez.
Também acho que a questão deve ser posta nos termos simples que utilizaste, e detesto a chantagem emocional que as empresas fazem :(
Mas não bastava teres da Joana? Em "principio" os irmãos não são compativeis? Se tiveres essa informação era óptimo transmitires.
Já agora, só por curiosidade, qual a taxa de iva aplicada, e de que valores falamos?
Beijinho
eu também vejo este assunto de forma prática: havendo dinheiro de sobra, não se perde nada com isso... fazendo o dinheirinho falta, paciência, tem de ser usado para coisas mais imediatas (roupinhas, comida, etc)...
qdo tive a Raquel não se ouvia falar neste assunto, por isso não fiz... agora já existem várias empresas, mas não posso dispensar a quantia necessária, portanto volto a não fazer..
quando foi da Maria, tb só havia a tal empresa. Custava na altura mais do que custa agora, a nossa obstetra aconselhou-nos a fazer e deu-nos as informações. escolhemos não o fazer, não só pelo dinheiro, mas porque como pensávamos ter mais filhos, poderia ser feito à segunda. Talvez façamos, não sabemos ainda.
No nosso caso como quando nasceu a Inês ainda não se falava disso, quando nasceu o Gonçalo a questão nem se colocou (tratamento igual entre irmãos). Provavelmente agora para este nosso menino também não vamos fazer.
Tal como tu,optei por fazer.
Também tive muitas dúvidas, a minha obstrecta não aconselhou mas nós pensámos:Não sei se irei precisar ou se eventualmente serão úteis para alguma coisa,mas nunca nos perdoaríamos se tivesse sido possivel fazer algo que não fizémos!
Infelizmente com o Daniel não foi possivel pois nasceu em Junho de 2003 e o srviço só ficou disponivel em Setembro/Outubro.
Ainda não estou a pensar casar e ter filhos mas da última vez que falei com o meu namorado de filhos (de vez em quando temos umas conversas engraçadas) ele mostrou vontade de fazer este "seguro". Fiquei admirada porque nem sabia que ele andava a par destas coisas. Eu já tinha visto uns papeis no centro de saúde onde trabalha a minha mãe e acho que se tivermos dinheiro vale a pena. :) *
Eu estou mesmo decidida a fazer, no entanto há no mercado 3 empresas a laborar e duas delas trabalham em parceria. A escolha torna-se mais complicada, entre a bebevida e a bioteca.
Agora realmente podendo financeiramente, é melhor jogar pelo seguro.
Pelo menos é a minha opinião e tendo uma irmã em eng.ª biomedica que diz que a ciência está em constante evolução...
Beijos grandes sandra e para a tua familia
Pois do Rodrigo não fiz, penso que nem existia ou então eu não sabia, da Inês tb não fiz, pq não tinha essa quantia, se tivesse a quantia e não fizesse moça teria feito!
Não fiz. Ambos os médicos: obstreta e pediatra foram da mesma opinião, não passa de um negócio muito bem bolado, nada indica que venha a ser possível aproveitar efectivamente as células estaminais para os efeitos divulgados.
em pesquisa mais alargada (muito alargada por parte do pai) fomos mais longe. Usar as células estaminias de uma criança que tem, por exemplo, leucemia na própria criança não vai funcionar. Ela vai ficar na mesma com a doença ou virá a revelar-se mais tarde no tempo uma vez que se trata precisamente do mesmo material genético.
Acima de tudo, e porque sabemos que nestas coisas os "estudos" existem para os dois sentidos das questões e que tudo é manipulado por farmaceurticas e afins, o que nos convenceu mesmo foi a nossa grande reserva de mandar o material genético dos nossos filhos para sei lá onde podendo os detentores da coisa fazer o que bem lhes apetecer com aquilo...
Mas deu que pensar, isso deu.
São opções. E eu espero muito sinceramente que nunca tenha que vir a pensar um dia: e se eu tivesse feito...
E espero que ninguém que tenha feito venha a verificar se efectivamente serviu para alguma coisa... Que tenha sido mesmo dinheiro deitado à rua!
Sim concordo plenamente nas tuas palavras, e penso que se existe a possibilidade para o fazer , não deveriamos deixar passar ao lado este "seguro", e que nunca seja preciso, no entanto se for temos mais uma hipotese de poder valer aos nossos mais que tudo....
Já agora quanto pode ficar ?
Só há pouco tempo ouvi falar deste assunto, nas revistas cor de rosa mais propriamente depois do nascimento da filha da Letícia princesa de Espanha....se tivesse houvido mais cedo talvez tivesse feito com a Érica, isto claro se tivesse disponibilidade monetária, o que hoje em dia tá di´ficil
Beijinhos
Apesar de ouvir algumas reportagens e pessoas conhecidas a dizer que a conservação das células estaminais é um grande negocio, valeu-me a opinião da minha obstetra e de alguns médicos que me disseram que sim senhor poderia curar-se uma eventual leucemia desde que não fosse congénita. Na altura telefonei para a crioestaminal (a empresa onde eu fiz o contrato de conservação das células) e a pessoa que me atendeu respondeu-me da mesma maneira, se não for congénito pode-se tratar a leucemia com estas células e o resultado pode ser positivo, li também um artigo sobre a criopreservação das células estaminais da revista National Geografic onde apareceram algumas crinças com leucemia que estavam a responder positivamente ao tratamento com células estaminais. Apesar de não ter antecedentes na família e independentemente de resultar a 100% ou não, optei pela criopreservação, uma vez que não me perdoaria se algo acontecesse com o Alexandre que poderia ser resolvido com estas células e porque a ciência está em constante evolução. É um seguro que espero nunca vir a ter de precisar e aconselho a todos os pais que queiram e tenham disponibilidade monetária para tal que o façam.
Para a Silviaflor:
eu preservei as células do meu filho em agosto de 2005 na crioestaminal. O kit custou 115 euros e a criopreservação durante 20 anos custou 1072.73 euros.
Neste momento não estou a par dos preços mas posso indicar o site: http://www.crioestaminal.pt/
espero ter ajudado.
Para a mi & me:
Os irmãos podem não ser compatíveis. Em relação ao IVA é a 21% e os preços da crioestaminal estão no meu comentário anterior.
Espero ter ajudado.
Eu não tenho ponto de vista.. comecei agora a "investigar" :o)
Merci pelas ajudas!!!
BJss
Acho que me ajudaste a decidir ;)
Tal como dizes a parte económica tem bastante peso nessa decisão. Quando comecei a ouvir falar na criopreservação das células estaminais, pensei logo que também queria fazer o mesmo. Mas, quando a médica nos falou no preço... UIiiii... tomámos imediatamente a nossa decisão: claro quenão tínhamos (nem temos) essa quantia disponível). Tenho pena que seja assim tão caro porque, assim, é um serviço a que nem todas as pessoas podem recorrer.
Joquinhas
Sofia
Quando estava grávida do Martim procurei bastante informação sobre o assunto e conversei com a minha obstreta. Lembro-me bem de um artigo que li na "Pais e Filhos" e que os médicos entervistados diziam algo semelhante ao comentário da "a leste". A minha obstreta era da mesma opinião. Nós optamos de uma forma mais ou menos forçada por não fazê-lo e não foi por causa do dinheiro. Ainda estavamos na dúvida se deviamos recolher ou não as células do cordão quando o Martim se decidiu a aparecer antes do tempo.
A decisão pode ser tardia pois uma amiga minha recebeu o kit de recolha mesmo em cima das 39 semanas.
Espero sinceramente que o dinheiro de toda a gente que optou pela recolha tenha sido "deitado à rua".
Beijinhos
Sandra,
Acho que sou suspeita....!
Quando o Bê nasceu (há precisamente 6 anos!) não se fazia isso ainda e ele teve leucemia...
FELIZMENTE nunca houve indicação para transplante (sim há casos em que apenas a quimioterapia responde!)
MAS sempre tive a angustia de saber se o Ricardo seria compatível com ele ou não....NUNCA nos aconselharam a fazer o teste de compatibilidade uma vez que não havia indicação para transplante...ou seja, seria criar mais uma angústia !
Quando fiquei grávida da Carolina, decidimos que faríamos a criopreservação a pensar no Bê..(sim já me bastava ter um filho doente, não poderia imaginar que teria outro doente!), a minha obstetra não é a favor. MAS a pediatra que segue o Bê no IPO explicou-nos tudo e resolvemos fazer..até porque há doenças que matam que NÃO SÃO CANCRO e estas células tb podem ser úteis nesses casos!
Nós fizemos. E dispender da quantia naquela altura exigiu algum esforço, mas digo-vos que faria nem que custasse o dobro ou o triplo.....talvez por já ter passado por outras dores e outras angústias relacionadas com estas coisas...
Mas isto é outra conversa!
Fiz na CRIOESTAMINAL tb..e foram muito profissionais!Recomendo!
Este é o meu testemunho e a minha motivação!
Beijinho
Ana Bochicchio
Olá Sandra,
Se te lembras eu fui umas das pessoas a perguntar a tua opinião sobre este assunto.
Quando nos surgiu esta informação, tanto eu como o meu marido achamos que seria uma boa ideia e encarámos o assunto como um investimento na saúde do nosso filho, no entanto após falar com a minha médica e com alguns amigos que estão na "área" de saúde, fiquei com a impressão que embora não o digam directamente acham que é uma perda de tempo e dinheiro.
No entanto, depois da tua resposta vi realmente que a ciência está sempre em evolução, e que não seria por +- 200 cts que eu estaria disposta a arriscar a vida do meu filho, espero sinceramente nunca precisar, mas também nunca me perdoaria se alguma vez fosse preciso e eu tivesse deixado passar a oportunidade. É exactamente como disseste, encaramos a coisa como um seguro de vida, pagas e esperas nunca precisar... (desculpa o testamento)
Muito obrigado pela tua ajuda e beijinhos para os teus docinhos.
Essencialmente partilho da tua opinião. Infelizmente quando os meus nasceram não se falava nisso...
Beijinhos
Olá!!
Parabéns pelo novo rebento...Parabéns pelo vosso blog, é lindo!!!
Estou grávida de 19 semanas e tenho andado a ver vários sites, vários blogs e em relação a este assunto, é mesmo como tu dizes, se se pode, nem se pensa duas vezes...
Também o vou fazer para a Matilde.
Jocas gordas,
Ana Pinto
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