quinta-feira, novembro 23, 2006
O encontro...
com o Dr. Mário Cordeiro não podia ter sido melhor. Aliás, poder podia, mas para isso não podiam estar na sala ao lado uma data de crianças com banhos por tomar, jantares para dar e muita (ainda) energia para gastar!
A conversa (porque foi mesmo assim) fluiu sem cansar nem perder o interesse. Organizou as perguntas que lhe foram entregues anteriormente em grupos e foi falando, num tom descontraído e despretensioso que adorei. A sua postura de simplicidade conquistou-me logo à partida.
Não nos ensinou a resolver nada (embora em alguns casos pontuais tenha apontado caminhos) mas explicou-nos o porquê, ou pelo menos a sua versão do porquê (os genes... ai os genes...). Desembrulhava problemas que parecem terríveis e insolúveis aos olhos dos pais, e apresentava-os num tom de brincadeira construindo o caminho para a sua resolução de forma simples e ajustável à realidade de cada um.
Embora não tenha chegado a falar do tema "intuição" (ficou tanta coisa por falar...) a cada minuto que passava eu sentia-me cada vez mais segura da minha. Cheguei à conclusão que a minha (pelo menos) funciona bem e que não devo ter o pudor de a admitir e de a seguir. Tenho é que dar ouvidos aquela primeira vozinha que surge e que muitas vezes não quero ouvir ou admitir.
Adorei, adorei, adorei.
No final, alguns pais ficaram para colocar algumas questões mais específicas. Eu queria colocar uma, mas o António nem por isso. Acabamos por ficar e quando chegou a nossa vez, durante a conversa o António confessou um dos seus medos. Quando chegou a casa, notei que ele estava feliz e mais seguro de si mesmo.
A minha questão era simples: A minha incapacidade de disciplinar o sono dos meus filhos no final das licenças de maternidade e consequente regresso ao trabalho. tanto um como o outro, perderam os hábitos de sono nesta altura e tornaram-se muito mais dependentes de mim. Da Joana deixei arrastar o problema tempo de mais, e do Miguel não queria fazer o mesmo. A culpa era minha disso eu tinha plena consciência, mas o porquê? O que fazer, é que eu gostava de perceber.
A explicação veio embrulhada num sorriso. Na primeira, o ser o primeiro filho e a D. Culpa juntaram forças e permitiram os acordares nocturnos sucessivos, os pedidos de mama e de proximidade. Neste, o saber que é o último bebé e como não podia deixar de ser, a D. Culpa, encarregam-se mais uma vez de tentar manter o bebé que quer deixar de o ser. Eles, que não são parvos nenhuns, aproveitam as portas abertas e conquistam o nosso reino, ficam com as chaves e passam a mandar em nós. Simples. Do mais simples que há. E verdadeiro ainda por cima.
Segundo ele, ele está numa idade chave e temos de agir o quanto antes. Aconselhou tirá-lo do nosso quarto (algo que já queria fazer, mas não tinha a certeza) e pô-lo a dormir no quarto da irmã (ainda bem porque não tenho outro! :p). Usar um peluche que ele não conheça macio e com o meu cheiro para ajudar à transição. Ser firmes e coerentes nos despertares nocturnos, assegurando-lhe que está seguro e mantendo os estímulos necessários para o adormecer no mínimo (mama, água, toque, embalo, etc.).
Não descobriu a pólvora. Não nos disse nada que não soubéssemos de antemão. Não nos deu truques que já não tivéssemos usado com a irmã. Mas, fez muito mais do que isso, falou-nos direito ao neurónio da confiança e apontou-nos o caminho.
Esta noite, o Miguel já dormiu sempre na cama dele. Esta noite, o Miguel já só acordou à uma (e tal), às quatro (e tal), às cinco (e tal) e às seis (e meia). Esta noite já teve um sono mais profundo. Esta noite eu deitei-me com a convicção de que tudo iria correr melhor a partir daí.
[E enquanto conduzia de regresso a casa, percebi o quanto não aproveito o pediatra dos meus filhos. É que ele é assim. É prático, transmite confiança aos pais, aponta caminhos sem imposições e é claro nas explicações. O problema, é que em cada consulta acabamos por nos cingir ao mesmo... mas a próxima aposto que vai ser diferente!]
Adenda: O meu pediatra não é o dr. Mário Cordeiro. O encontro foi promovido pela escola da Joana como contei aqui.
12 comentários:
achas que se pode fazer uma versão porta-chaves do Dr. Mário Cordeiro? Precisava tanto de um desses sempre comigo... :) daqui o que mais retenho e´o uso da intuição. (e vou já passar o Miguel para o quarto dele este fim de semana!)
(tenho saudades tuas)
:) Chama-se a isso contágio telepático. Tu deitaste-te com a convicção de que iria correr melhor e correu. Não te esqueças do exercício de convicção porque funciona mesmo - as "pestes" lêem-nos os pensamentos.
Olha lá, essa tal de D. Culpa paga renda aí em casa??? ;)
:D vais ter que me passar essa confiança e esse plano de acção nocturno :)
Eu gosto tanto, mas tanto dele. Restam-me os livros de consolo, porque a distância é muita.
Cá por casa, o trocar de quarto até foi muito fácil, e cedo, por volta dos 3 meses. O problema foi depois...quando se começou a por a pé! Espero que por aí tudo corra bem melhor.
A propósito do post lá de baixo, aqueles dias de "filhos únicos" sabem tão bem... e as galochas são o máximo. Protestou muito?!
1 bjx
Irra, que este post parece à minha medida... A minha miúda anda a ficar uma indisciplinada a dormir, quando antes era certinha... E eu a dormir em pé...
Bj
Valeu a pena! Que bom!
Tens razão em relação ao "nosso" pediatra e eu até tenho aproveitado para trocar alguns pontos de vista com ele. Não te esqueças na próxima consulta.
É o pediatra da minha filha.
Na consulta do mês, comecei a fazer uma série de perguntas “parvas” sobre certas doenças que tinha andado a ler e qual a melhor forma para evitá-las, às tantas ele olha para mim e pergunta-me se eu quero levar o livro dele de pediatria para estudar em casa.
Claro que me fartei de rir… Para que nunca me esqueça de perguntar seja o que for, levo sempre um papel com os assuntos.
O único problema é a espera no consultório, ele “perde” e “gasta” tempo com toda a gente.
:)
A pediatra da minha filha também essas características. Devido à sua larga experiência, conseguiu criar uma relação de confiança - muito importante - entre o paciente, os pais e ela, como profissional. Assim é mais fácil lidar com os pequenos sustos que os filhos nos pregam, desde as quedas, às doenças de época, etc.
Já agora uma pergunta: esses encontros são só para os pacientes do Dr. Mário Cordeiro? Fiquei curiosa.
Cristina
Sorry. Não percebi. Mas ainda bem que há escolas que promovem esse tipo de eventos.
Cristina
Sorry. Não percebi. Mas ainda bem que há escolas que promovem esse tipo de eventos.
Cristina
Pois então aproveita também o teu pediatra! As minhas consultas com o Dr. Mário Cordeiro são quase sempre só isso: conversas. Aliás, o que 'faz parte' das consultas é sempre o menos importante. E estamos sempre a aprender, mesmo quando a consciência maternal é apurada!
Adoraria poder falar nem que fosse só 5 minutinhos com ele...
;)
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