quinta-feira, abril 14, 2005

A propósito... de nada

Comecei por escrever um post que acabei quando ia a meio. Não sei. Era interessante mas não era isso que queria escrever. E sobre o quê é que me apetece escrever? Por exemplo, apetece-me escrever que não tenho roupa para vestir. A maior parte das mulheres queixam-se dos kilos a mais depois das gravidezes, e comigo foi o contrário (ainda bem!). No entanto a roupa larga é tão impossível de usar como a apertada, e simplesmente desde que a Joana nasceu, o dinheiro que agora gasto comigo em roupa, sapatos e afins é praticamente nulo. Isto leva-me a outro assunto. Mudamos assim tanto o nosso modo de vida por causa dos filhos? A minha resposta imediata é, claro que sim! Mudamos a maneira de estar, de pensar e agir. Mas depois de pensar um pouco mais (p'raí 30 segundos) concluo que não assim tanto. É verdade o nosso centro passa a ser outro. Começamos a pensar mais no futuro. Deixamos de olhar tanto para o nosso umbigo (e o meu por sinal nem é bonito). Mas ao mesmo tempo faço exactamente aquilo que fazia dantes. Agora não vou ao cinema... mas dantes também não ia. Não saio tanto à noite... já não o fazia há muito tempo. Mas se quisesse podia, bastava um telefonema e tinha babysitter para o que desse e viesse. Afinal acho que as mudanças são tão impostas por nós como pelos filhos e às vezes eles acabam por ser mesmo uma desculpa para mudarmos hábitos antigos ou simplesmente para a nossa preguiça. Bem sei que o nosso tempo livre encolhe a olhos vistos, mas será que nós, papás babadíssimos de crianças pequenas, queremos mesmo esse tempo livre, entenda-se sem eles, assim tão frequentemente? Acho que muitas vezes é o hábito (muito característico dos portugueses) de tocarmos a cassete das lamentações, ou deveria dizer mini-disc? O que mudou mais em mim acho que foi mesmo a maneira de ver tudo o que se passa à minha volta. As minhas prioridades. Agora consigo compreender muito mais coisas que antes da maternidade tinham um significado completamente diferente. E isto quer dizer que me tornei melhor? Não sei. Acho que em muitos aspectos piorei. Fiquei com muito menos paciência para hipocrisias. Enerva-me muito mais a falta de respeito, verbal ou física, com que alguns adultos tratam as crianças em público (nem querendo imaginar em privado). Estou muito mais sensível a certas questões que antes me passavam ao lado. Acho sinceramente que os filhos são apenas mais uma etapa. Não perdemos, ganhamos sim muita experiência de vida. São tipo um curso intensivo. Acho que o que aprendemos é realmente imenso, e quem diria que 3 kilos de gente à nascença nos marcasse tanto?! E pronto, o que começou por ser uma análise puramente fútil sobre o meu guarda-roupa transformou-se num pensamento muito ligeiro sobre o impacto de um filho na vida de um pai. Eu sou assim... perco-me facilmente nos meus pensamentos em cadeia. Os filhos são o sal da nossa vida. Depois de provar nunca mais passamos sem ele.

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