quarta-feira, julho 20, 2005
Na sociedade e na família
Uma colega minha, tem umas verdadeiras relíquias literárias e de quando em vez, temos o privilégio (quanto a mim) de as ler.
Hoje temos "Na sociedade e na familia, Regras de convivencia - Obrigações sociais - Usos mundanos - Notas íntimas" de Emilia de Sousa Costa, 1925.
Este livro, está recheadinho de frases e conselhos que só nos dão vontade de rir (nos dias que correm)... eu escolhi uma passagem, não porque seja a minha favorita (mas sendo uma das...) mas porque é algo que já no nosso tempo não faz sentido nenhum, quanto mais no tempo dos nossos filhos.
Então a situação é esta: Pedido de casamento e resposta!
Na altura: O processo é dirigido pelos pais. É o pai do noivo que pede a mão ao pai da noiva. O que eu gostei mais foi de como recusar esse pedido,ora leiam:
Ex.mo Senhor:
É muitíssimo contrariado que cumpro o dever de participar a V. Ex.ª, que não posso receber favoravelmente, como desejaria, o pedido honrosissimo que V. Ex.ª se dignou a fazer-me, em nome de seu Ex.mo Filho.
Minha filha, não pensa, nem deseja, afastar-se, por ora, de seus pais, a quem ama ternamente, não querendo privá-los do mimo dos seus carinhos, que ela sabe serem muito necessários á nossa felicidade. Ela, como nós, reconhece os altos méritos de seu Ex.mo Filho, e a sua recusa apenas representa a abnegação de sacrificar, por emquanto, a sua mocidade, á alma um pouco egoista dos pais. A nós compete sancionar a sua deliberação. Esperemos confiadamente que V. Ex.ª e seu Ex.mo Filho se não julguem melindrados, por julgarmos impossivel esta união. A V. Ex.ª e a êle afirmamos os nossos sentimentos de muita consideração, fazendo sinceros votos pela felicidade de que são muito dignos.
Lastimando sentidamente que a minha resposta não seja a desejada, apresento a V. Ex.ª a expressão do meu reconhecimento pela honra que me foi conferida.
De V. Ex.ª
Att.º V.or e Obrg.do
Ora, no meu tempo (que eu também tenho tempo) o que se passa mais ou menos isto:
Filha para os pais: Eu e o X estamos a pensar casar, no dia Y na Igreja W.
Há sempre as variações para os casais que já não querem casar pela igreja:
Filha para os pais: Eu e o X já encontrámos uma casa, metemos os papéis no banco, e vamos nos mudar quando a escritura for celebrada.
E no futuro:
Filha para os pais: Não sei se têm alguma coisa combinada no domingo, mas vou-me casar com o X. Quem é o X? Ai pois foi... esqueci-me de vos apresentar..
A única versão que me agrada para a minha filha é obviamente a de 1925... mas quem é que lhe disse que ela tem o direito de constituir a sua própria família... ai ai ai ai ai... já não há respeito!!!
Beijinhos
Sandra
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