quinta-feira, maio 10, 2007

Dos transportes públicos...

O cheiro é, definitivamente, o que me vai custar mais a habituar. À parte disso, das publicidades irritantes mas, felizmente, esporádicas e de alguns comentários de pessoas com idade já para ter juízo mas que aparentemente, pelas postas de pescada que lhes saem das bocas enrugadas, já o perderam há muito, a coisa até se leva muito bem. Em média, gasto uns quarenta minutos da escola da Joana ao meu trabalho, e, aproveito-os a devorar tantas linhas quanto possa do livro que vai certamente acabar antes que o mesmo aconteça a esta semana de trabalho. Não me incomodam os encontrões inocentes ou até as pisadelas inevitáveis, mas já os solavancos verticais, muitas vezes comparáveis às melhores montanhas russas, tiram-me do sério e fazem-me agradecer não ser uma pessoa de vómito fácil. Também já andei mais esta semana do que nas outras todas que trabalhei este ano. Não porque o tenha de fazer mas porque até apetece. O não ter o carro à porta, obriga-nos a uma outra gestão do tempo. Permite-nos deambular nas ruas ao nosso bel-prazer sem as amarras a um ticket de parqueamento. O tempo tem ajudado e as ruas da baixa de Lisboa têm um não-sei-quê que me impele a calcorrea-las sempre que posso. E depois de um dia de trabalho, poder disfrutar nem que seja meia-hora do rebuliço das vidas que não as nossas, enquanto derivamos ao sol e ao som da música de rua e antes de cairmos nas pressas dos banhos, das sopas, dos leites, das histórias e das birras de sono, dá-nos justamente esse alento que tanto nos faz falta para enfrentar os banhos, as sopas, os leites, as histórias e as birras de sono, e a energia para ainda arranjar espaço para umas danças malucas com eles em frente à televisão com muitos pulos e colos e cambalhotas no ar presos pelas mãos da mãe. Faz-me falta aquela sensação de liberdade que me permitia ir para onde quisesse assim que pudesse. É o que me faz mais falta e tenho a certeza que não me vou habituar tão cedo. Mas mesmo assim, e porque a minha natureza é mesmo essa, acho que saí a ganhar. PS: respondido Moquinhas? :p

22 comentários:

Ana Pessoa disse...

eu tinha a meama visão dos transportes publicos até me darem carro da empresa, com gasolina paga. Aí vendime à liberdade e comodidade de estar em lisboa de carro. Mas reconheço que acima de tudo, a poupança economica, de tempo e de stress para estacionar (!) é inigualavel...

boa sorte nessa odisseia! ah, e que te aguentes...

xxx

A

Ana Pessoa disse...

mesma, vendi-me, Lisboa

(algumas correcções que se impõem)

xxx

A

Jolie disse...

só o não ter de estacionar aqui é logo uma mais-valia inquantificável no meu caso :p

(e esquece lá as correções rapariga!)

beijos!

Anónimo disse...

Sem dúvida que espairecer um bocadinho depois de um dia de trabalho, dá-nos outro ânimo para iniciar o trabalho em casa!!!

Bjinhos

Anónimo disse...

Tive que comentar este texto... pois depois de lê-lo achei que convenceste muitas pessoas a andar de autocarro... descreveste muito bem a sensação de poder ir a desfrutar da paisagem, de uma boa revista ou de um bom livro sem termos de nos preocupar com a condução...

Apesar de trazer carro para o trabalho e levar a minha LEONOR para a escolinha, vou almoçar de autocarro, pois sai mais barato, mais cómodo não ter que pensar no estacionamento e é a empresa que paga o passe social...

Adorei esta descrição....

Beijos
Sandra / Funchal

Ana Cláudia disse...

É mesmo como dizes. Do que mais sinto saudades, com a maternidade, é dessa sensação de liberdade.
Bjs.

Ana Cláudia disse...

Sorry, estavas a falar do carro, certo? Ups :S

Jolie disse...

claúdia, lol!

mas acredita... a maternidade às vezes parece mesmo um carro! :)

ddm disse...

Eu é mais combóio! :P
E sempre com um livro nas mãos.

Se é verdade que também gosto de não ter que me preocupar com o estacionamento (que aqui também é difícil!), ou com o preço da gasolina, às vezes faz-me falta a liberdade que o carro pode proporcionar.

Daniela disse...

O meu caso é outro... pudesse eu andar de transportes publicos...
Gosto dos passeios dados entre um sitio e outro para pôr as ideias em ordem.
Se pudesse dar-lhes-ia as mãos e não ia de carro.
Vale a pena ver a alegria delas por andarem de autocarro ou de metro!

juliana pinto da costa disse...

e nunca apanhaste pessoas dispostas a contarem-te a vida toda mal se sentam ao teu lado??
isto já me aconteceu tantas vezes!!!!

Jolie disse...

juliana, isso aconteceu-me tantas vezes na minha época pré-carro... mas nesta nova fase, ainda não! Também, só ando nisto há meia-dúzia de dias :p

Jolie disse...

ó xana... se pudesse ser comboio acredita que aí não me queixava de nada! só mesmo da falta de "liberdade", mas isso só um carro resolve mesmo :p

Luísa disse...

Tenho muitas saudades do tempo em que andava de transportes. Sobretudo da quantidade de livros que lia.
Infelizmente trabalho num sítio em que a ligação de transportes até minha casa (por enquanto e sobretudo fora do horário 9-17h) é muito má, e por isso passei a ter carro.
Mas não me importava nada de voltar a "viver" nos transportes públicos (e está para breve).

Beijinhos

Jolie disse...

luísa, eu não vou de casa para o trabalho de transportes públicos.

Isso para mim nunca foi opção porque as ligações e o tempo gasto era demasiado. Eu levo o carro até à escola da Joana e daí é que sigo em transportes, e só por isso é que decidimos ir em frente com esta opção.

Assim, só gasto uma hora entre casa e trabalho, deixando a Joana na escola pelo meio - basicamente apenas mais vinte minutos que o tempo que demorava de carro.

juliana pinto da costa disse...

espera mais uns diazinhos eheheheh

Mocas disse...

Yes! E que tal combinarmos um dia destes um croissanzinho a transbordar de chocolate aí para os lados do Chiado? ;)

Bjs!!

Mocas

Tânia disse...

Sinto falta disso, desse deambular... Tenho algumas, bastantes saudades disso.

Quanto ao resto, linda, olha, continuo a admirar o teu optimismo! ;-)

Fitinha Azul disse...

Aqui onde moro e trabalho o horário dos autocarros e o tempo de viagem é demasiado longo mas há 2 anos atrás "apareceu" o metro e uso-o bastante para chegar às zonas mais problemáticas da cidade em tempo recorde...pena é que para o colégio do Kiko ainda não se aviste o metro...
Beijocas

Sandra B. N. disse...

fazes mto bem! esses momentos de passeio são óptimos para descomprimir!...

infelizmente a empresa onde eu trabalho fica em plena estrada nacional onde não há qualquer tipo de transporte público... por mais que eu quisesse e gostasse de gastar menos gasolina, não tenho qualquer hipótese! :-(

Soph disse...

Tens toda a razão e concordo contigo!!!

Mas a primeira razão que me faria voltar aos transportes públicos seria.... poder ADORMECER até chegar a "algum" lado!!!

Velhos tempos de faculdade em que parava sempre na estação terminal!!! ehehehehe

Unknown disse...

Mas porque é que tinham que falar em croissants a transbordar de chocolate???????? :)
Ai amiga, como te invejo... há ANOS que não passo pelas ruas da minha cidade... imperdoável!
Por acaso até achava piada aos transportes... ouve-se/vê-se com cada uma lol
Beijos