quarta-feira, setembro 19, 2007

O valor das pequenas coisas

Digam-me, se souberem, o valor das pequenas coisas.

Digam-me, se souberem, o valor dessas pequenas coisas na transformação de momentos que de nada passam a tudo enquanto duram.

Digam-me, se souberem, como aparecem essas pequenas coisas que do nada fazem tudo e geram momentos perfeitos. Perfeitos de tão simples. De uma simplicidade feita de pequenos nadas que se encontraram num acaso feliz.

Digam-me, se souberem, porque não reparamos sempre nestas pequenas coisas. Porque deixamos escapar por entre os passos, estes momentos perfeitos e felizes, na pressa que nos comanda a vida. Na pressa que julgamos ter de ter para nada perder.

Digam-me, então, para quê ter pressa?

Parei. Deixei de ter pressa, e parei. Parei por causa de um som. Um não. Muitos, todos pequenos, todos demasiado simples, demasiado comuns. Parei e deixo-me inundar por todos eles. O som do violino. Da flauta lá longe. Das pessoas que passam apressadas. Das que não têm pressa. Das que riem, conversam e das que conversam com elas. E encosto-me. Os toques de telemóveis. Os assobios. O resvalar dos carros. As línguas que não entendo. A Baixa.

E é perfeito. De uma perfeição nascida do nada. De pequenas coisas. Das coisas simples.

E eu deixo-me ficar encostada, assim, feliz. Perdida em mim, no meio dos outros.

Digam-me, então, porque não pode ser sempre assim?

22 comentários:

Miúda disse...

"Na pressa que julgamos ter de ter para nada perder."
Não te digo pois tb n sei. Belo texto!
Tens tanta razão mulher! e a baixa é o sitio na cidade mais ideal para se parar e ver! :)

Tita Dom disse...

Talvez porque a rotina nos fa�a
esquecer que s�o coisas simples que nos d�o um sorriso no olhar... tenho a alegria de poder parar muitas das vezes para cheirar essas pequenas grandes maravilhas do dia-a-dia.

Belo texto Sandra.

Mocas disse...

eu ainda consigo que seja muito assim :)

rosinha_dos_limoes disse...

"Na pressa que julgamos ter de ter para nada perder."

Na mouche! E quando temos consciencia disso e não conseguimos parar? ou quando os que estão à nossa volta não nos deixam parar?
Há quem diga que podemos viver sem pressa ... mas custa-me um bocadinho aplica-lo, e não é porque eu não queira ... ou se calhar quero pouco???

Bailarina disse...

Grd texto! a pressa de viver tudo, a grande velocidade,querer beber tudo o que o mundo têm para nos dar!lembro-me depois de um abanºao familiar brutal, dar uma valor enorme a uma jantar em familia, a sorrir, a dizer baboseiras!
A beleza do mundo está mesmo nas pequenas coisas...e aí penalizo-me porque vivo depressa, muito depressa! e já devia ter aprendido que é importante moderar a velocidade e desfrutar das pequenas coisas...

graças disse...

A sensação de nostalgia foi completa.

A vontade de viver novamente momentos vividos para poder apreciar as pequenas coisas que foram deixadas ao "acaso" de quem as vê "por acaso".

Mas destas coisas é feita a vida dita moderna. Da pressa de deixar para trás as pequenas coisas.

Belo momento de leitura!

Anna^ disse...

E era tão bom que assim fosse sempre,não?
Gostei da foto e adorei o texto.
É impressão minha ou andas numa fase de reflexão? :)

beijo

Fitinha Azul disse...

E por uns segundos saí daqui e fui até à baixa do porto (que ADORO!) por todas as razões que explicaste e mais algumas...

Lindo texto!

andreia disse...

tens toda a razão, acho que por vezes perdi essa capacidade de parar e ouvir, sentir, nada mais. lindo.
beijinhos

Filipa disse...

Devia ser sempre assim!
O texto está muito bom, trabalhei na Baixa 2 anos e morro de saudades... por momentos estive lá outra vez.

T disse...

Pois... O problema é que nos exigem sempre o inverso e ainda nos reputam de laxistas se ousamos disfrutar... Enfim...

Anónimo disse...

Como diz o ditado: a pressa é inimiga da perfeição. Da perfeição de que falas, que mora na simplicidade da vida que nunca conseguimos ver porque achamos que temos de correr e que, não o fazendo, como tu também dizes, perdemos não se sabe bem o quê.

Ainda bem que resolvi, também eu, parar um bocadinho e vir aqui e espreitar o que escreveste. Obrigada. :)

Anónimo disse...

Eu dou muito apresso aos pequenos nadas. Não acredito na felicidade toal. Não existe. Não acredito no final do filme que tem um final feliz e que a partir dali são felizes para sempre. A partir daquele momento novas contrariedades aparecerão, novos sonhos e metas são estabelecidos. Nada dura para sempre. Nem o bem nem o mal. A vida é feita de apontamentos de felicidade, de apreensão, de medo, de infelicidade, de tudo. Resta-nos dar apresso aos momentos de muita felicidade e aproveitarmos para tirarmos partido aos pequenos nadas que todos os dias nos passam ao lado. Quanto mais o tempo passa, mais o faço. Gosto de parar e ficar a olhar para um momento, um sorriso, uma imagem, um som. Gosto! Acredito tanto que ainda podemos colorir mais a nossa vida com esses momentos.
Acredito imenso na frase do refrão da música do meu blog: "The best things in life are free".
Quanto à baixa, ai a baixa... adoro. Se passas por aí tenho uma vaga ideia da zona que moras (eu também), o que gosto da imagem de quando estamos a chegar e ver a linda cidade que é Lisboa! Quantas pessoas param um pouco e dão apresso ao que estão a ver no meio da correria do dia a dia. Lembro-me muitas vezes da minha amiga E. quando andava na Universidade e muitas vezes regressava já de noite e dizía que se havia uma coisa que a relachava era olhar para os edificios da Praça do Comercio, rua Augusta, o Arco iluminados. Que muitas pessoas nem levantam a cabeça para olharem para a sua cidade. A forma como estão iluminados ainda lhes dá mais beleza. Muitas pessoas andam anos por essas ruas e não as conecem realmente.
Sabes o que adoro? Ir para aí no fim-de-semana, estacionar no estacionamento sub-terraneo dos restauradores, passear a pé e ir lanchar à Pastelaria Suíça como uma "cámone". Sem falar nas comprinhas na baixa, principalmente na altura do Natal. Mas shame on me, que a troquei um pouco pelos Centros Comerciais...

Beijinhos

P.S. Ihhhh! Que comentário lonnnnngo!

www.mnhamae.blogspot.com

Anónimo disse...

*relaxava

www.mnhamae.blogspot.com

Guida disse...

Porque nos esquecemos daquilo que é realmente importante e vivemos em função de uma procura que jamais será satisfeita, porque a felicidade está nos pequenos grandes momentos que a vida nos proporciona e porque somos demasiado egoístas para nos permitirmos ser felizes!

P.S.: Passei por aqui por acaso e não resisti a deixar um comentário. Adorei o blog! Parabéns pelas fotos e pelos momentos de reflexão que contribuem para que os meus pequenos momentos sejam tão grandes.

mamã disse...

Se as pessoas dessem mais valor aos pequenos momentos que tantas vezes nos passam mesmo ao lado, a felicidade seria muito mais facilmente alcançada!

Bjs

Unknown disse...

E eu que há tanto tempo (anos!) que não vou à Baixa...
Beijocas e obrigada pela descrição 100%!

Mimi disse...

Infelizmente, porque, acho, somos nós que complicamos tudo...

Rosa disse...

A vida pode ser o que nós quisermos. Vai dái, se tu queres que a tua seja sempre assim, feita de pequenas coisas, basta permitires-te que assim seja.
Beijinho.

InêsN disse...

cada vez mais, amiga...cada vez mais.

(adorei)

Sandra B. N. disse...

lindo texto!!

olho para a minha vida: levantar, preparar os miúdos, levá-los à escola, ir trabalhar, ir buscá-los, dar banho e jantar, adormecê-los, preparar as coisas para o dia seguinte, dormir.

queria muito poder encaixar esses momentos assim nos meus dias... mas não tenho hipótese.
restam os fins-de-semana... mas sabe sempre a pouco.

a vida devia ser diferente...

beijinhos

Fabiane disse...

Nossa ! E hoje quando me sinto como se minha vida estivesse parada demais , vem vc com esse texto lindo. Não tenho pressa de nada , mas as vezes queria ter.
Amo mais que tudo meus filhos e meu marido mas as vezes sinto que vivo mais a vida deles do que a minha .

Gostei como sempre do que escreveu . Beijinhos . Fabi.