Saí tarde do trabalho e quando cheguei já era o último. Pegámos na sua bicicleta e fomos aproveitar a brisa morna que se fazia sentir e matar as saudades dos nossos fins-de-tarde de verão. Mostrou como já sabia tão bem andar sem mãos, derrapar e travar de pé parando totalmente a sua bicla. Também mostrou como se estatelar no chão numa viragem mais radical, mas achado o arranhão no meio dos outros vinte que já tinha, endireitou o guiador com o garfo e seguiu viagem.
Depois fomos ao parque, brincou, caiu do baloiço e riscou um joelho, voltou para o baloiço, saiu para o escorrega e depois quis que jogasse com ele à apanhada. Desculpei-me com os saltos e sugeri-lhe uma menina que também andava por ali sozinha. Tinha vergonha, não era capaz. Mas vai lá, que ela de certeza que também quer brincar com alguém. Tenho vergonha. Brincas sozinho, é no que dá a vergonha. E foi. Com vergonha. E perguntou. Com vergonha. E regressou para mim, para o meu colo, a chorar. A vergonha. A cara escondida no meu peito. A menina não quis.
Nada dói mais que um coração partido.
13 comentários:
E começa tão novinho...
Bj
Lá nisso os miudos são tão sinceros que ás vezes doi, tb já me aconteceu dessas :(
E agora fiquei eu tão triste a "ver" essa situação :( :(
Ooh!
Pena...
Tadinho... é de partir o coração...
Quando isso acontecia com o meu filho, também ele envergonhado e a precisar de doses extras de coragem para dar aquele passo em direcção ao outro, virava-se contra mim por o ter incentivado. Mãe sofre.
Beijinhos ao Miguel.
Ela nem sabe o que perdeu!!!
Endireitou o guiador com o garfo?
Espectaculo esse teu Miguel!!
Tita, "alinhou o guiador com o garfo" (da bicicleta) era o que eu devia ter escrito...
Helena, pois desta vez safei-me dessa mas quando o vi a vir em direcção a mim a chorar ainda pensei que isso fosse acontecer.
por aqui foi o inverso a minha mais nova que apesar de insegura gosta de se dar ás pessoas, há pouco tempo tb num parque dirigiu-se a um miúdo ( mal educado por sinal) e pediu-lhe educadamente se a deixava andar no baloiço, ele gozou-lhe da voz e ela saíu a chorar do parque, eu intervi e ralhei com o miúdo que por sinal tinha alguém adulto por perto que nem interviu, e o miúdo ali ficou a enrrolar e a desenrrolar o baloiço sem deixar ninguém andar.
imagino a angústia do teu Miguel, mas são estas situações que os fazem ficar mais fortes.
ohhh tadinho! :(
É verdade doi sempre mais as dores emocionais que as fisicas.
Mas faz parte ...
oh :(
oh :(
Ai, podes crer que doí e custa a sarar. Tb levei uma nega assim. Já passaram 30 anos e ainda me doi, eheh....
São coisas da vida.
Felizmente há pessoas mais sociáveis.
bJS
Enviar um comentário