quarta-feira, março 17, 2010

Quantas desventuras podem acontecer numa simples viagem de avião? - Parte II

Estou portanto a horas de partir para Londres, tenho os planos de trabalho nocturno todos alterados e nem sequer tenho a mala planeada. É preciso é calma e um esforço adicional, penso.

Opto por levar um saco de desporto e uma mochila para me escapar ao check-in de bagagem e poupar no tempo gasto no aeroporto e escolho o essencial para os quatro dias. Depois de tudo preparado e crianças deitadas, arranco para uma maratona ao computador. Já de madrugada, telefono para os táxis a saber se podia pedir um para umas horas depois mas a moça atenciosa diz que basta telefonar com um quarto de hora de antecedência. Sendo assim, pouco depois vou-me deitar para dormir uma hora antes de me voltar a levantar, tomar um duche e sair para o aeroporto, a tempo de chegar com uma hora e meia de antecedência para a partida do avião.

Um quarto de hora antes de ter de sair chamo o táxi e aguardo. Vinte minutos depois nada. Meia-hora e nada. Ponho-me à janela a tentar perscrutar o barulho de algum carro no silêncio absoluto e volto a ligar para a central de táxis mas, antes que a chamada tivesse tempo de ser estabelecida, eis que ouço um roncar que me denunciou imediatamente o que me esperava: um táxi de mil novecentos e troca o passo com um motorista a combinar. MEDO!

Com ligeireza saio de casa, contorno os cães que entretanto já não largam de vista a personagem, ponho as mochilas no carro e lá vamos nós a passo de caracol numa estrada deserta até o aeroporto.

Enquanto isso o tempo passa, mas não há-de ser nada. Ao invés da hora e meia de antecedência chego com apenas uns cinquenta minutos mas sem stress que o check-in fecha aos quarenta e cinco. Check-in feito, vou até um cafezinho logo ali para tomar um café mas no mesmo momento em que estou a pousar as malas no chão, passa a rapariga que me fez o check-in e recomenda: olhe que é melhor não se sentar que ainda tem muito que andar e já não tem muito tempo!

Bolas. Bem, assim sendo, volto a pôr a mochila às costas e o saco a tiracolo e lá vou eu, em cima das minhas botas de cano alto e saltos - escolhidas por uma simples questão logística: os sapatos rasos ocupavam menos espaço no saco de desporto :p - toda animada. E ando. E ando. E ando mais um bocado. E quando penso que já não é possível andar mais, eis que surge um novo corredor, e continuo a andar. Ando tanto que as botas conjugadas com o peso das malas começam a fazer mossa.

Finalmente chego à porta de embarque e espero. E volto a esperar. E espero mais um bocadinho. E entretanto, lá chega a tripulação a queixar-se da maratona que fez. E entram. E nós esperamos. E fala-se de atraso no vôo seguinte. E continuamos à espera. E eu lamento o café não bebido.

Mas eis que entramos, arrumamos malas por cima das cabeças e nos sentamos e Good Morning Ladies and Gentleman. This is your captain speaking... bla bla bla... há greve de controladores aéreos em França... blá blá blá... e vamos ter um atraso de cerca de uma hora para descolar... blá blá blá... mas pusemos toda a gente cá dentro para estarmos logo prontos a descolar... blá blá blá... Thank you for your understanding.

ok. tá certo. eu mereço. Excuse me! Yes?! Can you please, please, bring me a coffee?! Sure dear. I'll be right back.

aaahhh! Com um cafézinho e um bom livro não há-de ser nada... Tão ingénua tadinha.

E lá partimos. Com uma hora e dez de atraso mas partimos. E fiz a viagem com duas personagens do mais raro que existe ao lado, duma nacionalidade totalmente imperceptível entre o indiano e o árabe, que passaram o tempo todo a pedir-me desculpa para os deixar passar para irem à casa-de-banho. Tantas vezes que às tantas já pensava que estavam a montar um qualquer engenho explosivo à vez. E riam-se para mim. Muito. MEDO!

E eis que chegamos. E a malta desata a levantar-se ainda com o avião a acabar as manobras, e eis que se atira toda para o corredor (para quê?!). E eis que os meus vizinhos me voltam a sorrir e excuse me! sorry! e lá se espremem entre mim e o banco e a malta que já está toda no corredor, mas lá ficam eles em pé, sorridentes e entalados. E eu deixo-me ficar sentadinha e espero. E esperamos todos. E continuamos à espera. E eerrr sorry for the delay but they forgot to bring the stairs so we are waiting for them.
Dez minutos depois saímos. Mas eu esperei sentada.

(to be continued...)

9 comentários:

rosinha_dos_limoes disse...

LOLOLOLOL
Fizeste bem em esperar sentada, é sempre o melhor :o)

Dorushka disse...

Honestamente não entendo porque é que o pessoal se levanta assim que o avião aterra! Eu também prefiro esperar sentada e deixá-los sair!
Fico à espera do resto da aventura!

Soph disse...

É a parte em que me farto de rir!!!!

Haja GENTINHA... desta!!!! eheheehh

Luz de Estrelas disse...

Sem café e depois de uma noite maldormida...

Diana Bento disse...

Também não entendo a pressa do pessoal, mas pronto. Conta mais :)

mim disse...

eu não disse? master of suspence...

Susana Happy Days disse...

Hehehe...
Ainda estou para entender, porque raio é que toda a gente se esmaga para sair do avião, se depios têm uma nova espera para levantarem as malas (quando as há)...

... fico à espera do "To be continued"

1gota disse...

:)

Eu cá também fico sentada. :P
Então se tiver malas para ir buscar ao tapete ainda mais sentada fico.

Mas tu és um espectáculo a manter a calma em todas as situações! E já teria contado até 10 umas quantas vezes e respirar profundamente!

(mto eu gosto destas histórias em várias partes, cá estou à espera)
:*

CGM disse...

Ainda bem que tudo acabou aqui.

Caramba!

(vais contar da visita da imobiliaria e de termos de arrumar a casa toda em 10m? medo!)