Sim, eu e os telemóveis temos uma relação de amor-ódio bem definida. Os telemóveis existem no fundo para me socorrer em caso de necessidade, entreter em caso de pasmacidade (a palavra não existe mas que se lixe) e fazer a cabeça numa papa quando ou são comidos pelo cão, ou ficam esquecidos num qualquer hotel de charme espanhol (ai que bem que isto soa), ou deixam de funcionar e o seguro liquidifica-nos os neurónios, ou, quando simplesmente desaparecem.
Hoje regressei ao trabalho, com cara de quem precisava era de cama e sem telemóvel. Ficou o pai com o recado de o procurar, já que ia ficar com o mais novo em casa (a tal amigdalite era afinal uma escarlatina, coisa mais linda...). Chego do trabalho e nada de telemóvel. Raspanete no cara-metade que não procurou e tal e coiso, e desfia a ladaínha do ai tenho de ser sempre eu a procurar as coisas e mais não sei que mais, e toca de voltar a procurar em todo o lado inclusivé no caixote do lixo do escritório - pois sabe-se lá do que esta cabeça é capaz - e nada.
Nada de nada.
E eis que cai o segundo dente ao filho. E eis que volta o pai do médico com a filha - que na escola tropeçou, deu com uma perna numa esquina e como brinde ganhou um joelho inchado e às cores - e pergunta à mãe:
- desde quando é que não sabes do telemóvel?
- sei lá!
- desde sábado! e tinhas-o deixado bem à vista na minha carrinha.
Disfarça, Maria Sandra, difarça. Está um tempo mesmo instável, não está? E húmido. Brrrr, que frio.