É incrível dar por mim a assinalar esta data. Completas hoje dois anos e meio, e para mim, é tão fácil ver-te ainda recém-nascida. Este tempo, passou a correr literalmente, e este último mês quase que passou sem se dar conta, muito por culpa do mano que estás quase a receber. Tu sempre tiveste muita pressa em crescer, e deixaste de ser um
bébé muito cedo. Obrigaste-me a acelerar também a minha percepção do teu crescimento, para que conseguisse aproveitar cada etapa de forma mais intensa. Aos dois anos e meio, estás uma menina. Se me pedissem para te descrever em três palavras diria que és sensível, inteligente e carinhosa. Continuas a precisar imenso de contacto físico, e a demonstrar constantemente o teu afecto. Não és menina de colo, mas se algo não te corre bem, é no colo da mãe que procuras o teu consolo. Dizes muitas vezes
gosto de ti e
eu estou feliz e nem sabes o quanto essas palavras aquecem os corações da mãe e do pai. És curiosa, e és tu que procuras encontrar uma resposta para o que não conheces. Crias as tuas teorias, e procuras a nossa validação das mesmas. Não questionas ainda os porquês, mas tentas sempre, dar tu a resposta (mesmo que seja algo totalmente descabido para um adulto) e não desarmas até ficares satisfeita. São os teus raciocínios e conversas que mais me desconcertam. A maior parte das vezes não estou à espera de certas conclusões vindas de ti, apenas pela tua idade. E as conversas que já podemos ter, são qualquer coisa que nem consigo descrever. Os números continuam a exercer sobre ti uma grande curiosidade. Agora começas a pedir para te explicarmos como se conta pelos dedos e começas a ter uma noção das quantidades (até cinco elementos) muito mais coerente. Reconheces todos os algarismos, incluindo o zero. Aqui o computador do Noddy, deu uma grande ajuda, com os jogos que tem. Passaste a reconhecer mais letras e em breve acho que dominas melhor o teclado do computador que a mãe. Sabes identificar as seguintes palavras: PAI, MÃE, JOANA, MIGUEL, NÃ, HANSI e GIL. E pedes-me que as escreva vezes sem conta. E embora já escrevas o I há muito tempo, nunca mostraste interesse em aprender a desenhar novas letras. Tens gasto mais tempo a ver filmes, muito por culpa da mãe, que já não tem a mesma energia ao final do dia, e aproveita dessa forma, para ficar a descansar no sofá contigo. Mas daqui a nada, a mãe está em casa, com baterias carregadas e um tempo que convida a belos passeios, e acabaram-se as sessões de final de tarde. Por enquanto preciso delas para me aguentar, porque a tua energia ao final do dia, excede em grande escala a minha capacidade de locomoção! A tua relação com os outros também está a mudar. Tens mais paciência com os outros meninos, e embora nunca fosses uma menina complicada para partilhar, agora entendes muito bem o conceito e geralmente não temos problemas. Salvo quando o João Pestana ataca, porque aí ficas num estado altamente volátil! Com os adultos depende muito do sítio e da quantidade de gente à tua volta, mas em geral guardas sempre uma boa distância no início. Em algumas brincadeiras também noto grandes evoluções. Os bonecos agora são mesmo bebés dos quais tu cuidas com grande zelo, e és a médica de serviço (tantas
picas levam eles à custa de febres imaginárias!). Queres imitar-me em tudo o que faço e a lida da casa continua a exercer grande fascínio em ti. Tens mais destreza nos puzzles, e em relação ao desenho tens fases. Tanto pedes constantemente para rabiscar (ou lanças-te às paredes e deixas fluir a inspiração) como simplesmente ignoras a existência de lápis e canetas no universo! Na natação começas agora a dar mais mergulhos (dos
peque-ninos como tu dizes) e a colaborar mais em algumas actividades. O que tu gostavas mesmo era que te deixassem fazer o que te apetece, mas de há uns tempos para cá, parece que começas a aceitar melhor aquilo que te pedem para fazer e fazes quando te pedem. Fazes cambalhotas sozinha e a tua perícia para trepar as coisas, já me deve ter acrescentado uns quantos cabelos brancos. Se até há pouco tempo não gostavas de emoções fortes, agora é ver-te fazer coisas que disparam a adrenalina até de quem vê. O mais engraçado, é ver-te a lutar contra o teu medo. Por exemplo, antigamente andar de baloiço significava empurrar-te num balanço suave. Há umas semanas começaste a combater esse teu medo da velocidade, e começaste a pedir
mais fouça. A tua boca encolhia-se e tu repetias para ti própria
não tenho medo! mais auto!. Chegámos a um ponto que não dá para te empurrar nem mais alto nem com mais força e tu tens um sorriso estampado na cara e pedes por mais. Gosto de te ver a desafiares-te a ti própria, e gosto de ver que dando-te tempo e estando sempre ao teu lado, tu vais superando cada desafio ao teu ritmo. No que diz respeito à comida, mantemo-nos na mesma. Tu comer até comes, mas não é sempre. Se há dias que comes divinalmente, outros há em que simplesmente não jantas ou não almoças. Continuas a recusar os legumes na comida, mas lá vais comendo uma vez ou outra sem protestar. O teu prato favorito continua a ser arroz branco e salsichas da Nobre (as Júnior) e as frutas de eleição no momento são o kiwi e os morangos. Do que gostas muito é de petiscos. Mas de petiscos de gente grande. Ponham uma mesa com presunto, queijo amanteigado, chouriço e afins e é ver-te a comer mais que nós! Se for tudo acompanhado de mini-tostas então melhor. E se a manteiga constar do menu, melhor ainda! Há noite bebes sempre entre 250ml e 500ml de leite. Pela palhinha nos pacotes pequeninos (250ml). Mas durante o dia, às vezes pedes para beber como a mãe (pela caneca) ou como o Gonçalo (pelo biberão). O leite é de soja, assim como os iogurtes que felizmente já aceitas melhor novamente. Continuas sem saber o que são gomas, rebuçados e afins. O chocolate Kinder (que tu adoras e devoras) é a guloseima permitida e que vais comendo de longe a longe. Descobriste o chantilly e os gelados, muito por culpa dos pais, que não dispensam estas guloseimas nem no Inverno, mas os doces mantém-se uma excepção e não um hábito. Continuas muito educada. Não fazes nada sem pedir primeiro, agradeces sempre, e pedes imediatamente desculpa quando fazer alguma asneira. O número de castigos diminuiu, muito porque tu diminuíste o número de asneiras feitas. As birras desapareceram à excepção das do sono. Em relação ao sono, os pesadelos parece que desapareceram há algum tempo, mas desde que o nascimento do Miguel está mais próximo, passaste a simplesmente vir ter connosco à cama a meio da noite. Estas últimas semanas tens adormecido e ficado na nossa cama, e procuras o contacto físico permanentemente. Já decidimos que vamos esperar que estejas pronta a voltar para a tua caminha, e que a altura não é propícia a mudanças forçadas. Estás a perceber que o mano está a chegar, e acho que tu vais reagir lindamente. Tens mostrado algumas regressões ligeiras, mas são normais, e julgo que depois de veres que a nossa relação contigo se mantém e que não vais deixar de ser a nossa menina, tudo voltará ao normal. E para terminar vou falar-te da tua relação com aquilo que mais gostaste até agora: as maminhas da mãe. Ainda pedes, mas não mamas. Queres tocar-lhes mas já não ficas agarrada a elas como ficavas quando começaste a adormecer sem a maminha. Dizes que as maminhas vão ser para o Miguel sem que a gente te pergunte, mas de vez em quando avisas que uma delas vai continuar a ser tua. Continuam a exercer um fascínio sobre ti, mas não precisas delas. E agora vou confessar-te um segredo, gostava que o mano nascesse hoje. Achava mesmo muita piada que ele escolhesse o dia em que completas os teus trinta meses. Mas como parece que ele está bem instalado, vamos ter de esperar mais um pouco para ver como se vão dar os dois juntos! Trinta meses. Parece tanto e ao mesmo tempo tão pouco. Foram trinta meses intensos, que nos mudaram a todos, e que me deixam simplesmente feliz. Daqui a outro tanto estou a comemorar esta mesma data em relação ao mano, e tu já terás cinco anos. Visto assim, só peço que os próximos trinta meses passem devagarinho, muito devagarinho. Mas algo me diz que vão ser ainda mais intensos e que deixarão a sensação de terem voado a velocidade ultrasónica. És feliz e isso basta-me. A
tua mãezinha